Fazenda Rochedo “A Tocaia”, local em que emboscaram e mataram José Marques da Silva (Zezinho dos Laços)


Casa atual da Fazenda Rochedo
Rose, Adalício Meira, Charles Meira e Raimundo Barros (Toquinho) na atual casa da “Fazenda Rochedo”

No dia cinco de setembro, chegamos às 09h30 na Fazenda Lagoa da Pimenta, situada na região do Isidoro no município de Manoel Vitorino, propriedade do nosso parente Adalício Meira. Viagem que há muito tempo estava programada por mim e Domingos Ailton, que não pôde ir devido a compromissos particulares, mas nunca dava certo. Entretanto, o desejo de conhecer o local em que emboscaram e mataram o meu bisavô José Marques da Silva (Zezinho dos Laços), foi decisivo para não desistir desta idéia.

            Há dois meses, o meu amigo e parente Raimundo Barros (Toquinho), se prontificou em fazer a viagem no seu carro. A gasolina conseguiu com Euclides Fernandes, outro grande amigo.

            Depois de tomar um cafezinho com os parentes, seguimos,  Toquinho, Rose, Maria Meira, Ademário, Adalício e eu para a Fazenda Rochedo. A sede atual fica localizada entre vários rochedos, daí o nome de registro da propriedade. A casa foi edificada no terreiro da sede antiga, que era de propriedade de Cândido Meira, meu bisavô. Sem precisar as datas, foram também proprietários da fazenda: Osvaldo Barros, Antonio Bastos Meira, Germínio Correia, Valdomiro e o atual Flodoaldo Lisboa. O senhor Antonio Meira contratou os serviços de Vadinho Meira para edificar a casa. O pagamento foi feito com uma bela novilha, um presente de parente. Os 700 hectares são cercados pelas serras do Caixão, do Pereira e do Lajedo Preto. Seguimos primeiro para o local que foi denominado de Tocaia após a morte de Zezinho dos Laços, o qual fica a aproximadamente 1 km da fazenda. Utilizamos uma estrada nova feita pelo atual proprietário para chegar ao destino, pois a velha desapareceu com o tempo. Em determinado local, a estrada não dá prosseguimento devido ao terreno ser bastante rochoso, com isso as máquinas não conseguiram terminar o serviço. Prosseguimos andando para a Tocaia, mas com muita dificuldade por causa do mato que cresceu e acabou escondendo a estrada antigamente existente. Chegando ao exato local da emboscada, deu-se para perceber que os assassinos escolheram um local estratégico para realizarem o intento. A estrada é margeada por uma valeta que antigamente era um riacho que também se chamava Tocaia. O local do crime é um vale, onde existem várias árvores e pedras grandes que certamente foram utilizadas para esconder os cauaçús e seus jagunços. Antes de chegar ao vale existe uma ladeira mais alta que vai dar no antigo riacho. Após o mesmo, a elevação é menor o que obviamente facilitou a visão dos homens. Tiramos fotos de toda  a região e depois fomos para a Fazenda Rochedo.

                Na sede atual, verificamos que a casa está abandonada e sem o devido cuidado, necessitando de uma reforma geral. A casa tem um peitoril, vários quartos, sala, cozinha e um sótão. Nos fundos ainda existem alicerces da sede antiga. Quando estávamos conhecendo o interior da casa, Adalício nos mostrou em um dos quartos um local que estava retocado de cimento. Ele nos contou de que a mulher do antigo dono, o senhor Valdomiro, no ano de 1995, em uma determinada noite, dispensou o seu empregado. No dia seguinte a mulher entregou a chave da casa para Lero e foi embora. Nunca mais retornou à localidade.  Quando Lero abriu a casa verificou que aquele quarto estava trancado. Ele teve que arrombar a porta, pois não tinha a chave. Para sua surpresa, Lero encontrou um buraco com uma fundura de aproximadamente 80 centímetros e várias velas derretidas junto do mesmo. O comentário dos moradores da redondeza é de que a mulher teria tirado um pote contendo um chocalho ou uma mão de pilão de ouro, por isso ela não poderia retornar ao local, assim agem as pessoas que acham estes tesouros enterrados, acreditam que fazendo o contrário perderia a riqueza (crenças populares).

            Foi uma manhã muito especial na minha vida. Falei para Adalício  que agora eu já poderia morrer, pois tinha realizado o desejo de conhecer a Fazenda Rochedo e o local que emboscaram Zezinho dos Laços.

            Depois de comermos um gostoso carneiro cozido e frito, sobremesa de doce de leite e um prolongado bate-papo retornaram para Jequié.

Por Charles Meira

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